sábado, 2 de outubro de 2010

À NAÇÃO - Manifesto de artistas e intelectuais pela democracia e pelo povo

À NAÇÃO
Em uma democracia nenhum poder é soberano.
Soberano é o povo.
É esse povo -o povo brasileiro- que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias Legislativas e dois terços do Senado Federal.
Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por Dilma Rousseff. Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964. Não faltam críticas ao "populismo", aos movimentos sociais, que apresentam como "aparelhados pelo Estado", ou à ameaça de uma "República Sindicalista", tantas vezes repetida em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias.
O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira. Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como "ignorante", "anestesiado" ou "comprado pelas esmolas" dos programas sociais.
Desacostumados com uma sociedade de direitos, confundem-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas.
O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos. A velha e reacionária UDN reaparece "sob nova direção".
Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão.
A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada.
É profundamente antidemocrático -totalitário mesmo- caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa.
Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo.
Mesmo quando acusaram sem provas.
Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta.
Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos.
Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade. Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante.
O Brasil passou por uma grande transformação.
Retomou o crescimento. Distribuiu renda. Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa. E - o que é mais importante - fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo.
Ninguém nos afastará desse caminho.
Viva o povo brasileiro.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Pobre de ti Paquetá


Existe um bairro do Rio de Janeiro onde se pode esquecer a correria e o barulho diários da cidade. Falo da Ilha de Paquetá, situada no fundo da Baía de Guanabara, patrimônio turístico e arquitetônico, que guarda lendas e histórias interessantes. O modo de vida de seus habitantes é simples e tranqüilo; o dia passa ao som dos passarinhos e à sombra das amendoeiras e flamboyants.


 




Foi do cosmógrafo André Thevet o primeiro registro sobre a Ilha, em 1555, durante a expedição de Villegaignon. Paquetá é então dividida em duas sesmarias – a sesmaria do norte, doada a Inácio de Bulhões (o campo) e a sesmaria do sul (a ponte) a Fernão Valdez.








No chamado “campo” encontra-se a Capela de São Roque, padroeiro da ilha. Junto à estação das barcas (ponte), a Igreja de Bom Jesus do Monte. O meio de transporte mais comum é a bicicleta, mas circulam por lá as charretes e um trenzinho que levam os turistas para conhecer esse pedacinho do céu.
Igreja de Bom Jesus do Monte

            Pois bem, esse paraíso está ameaçado pelo descaso e má administração. As ruas estão cada vez mais esburacadas. O prédio onde deveria funcionar a biblioteca, O Solar Del Rei - hospedagem de D. João VI – encontra-se em péssimo estado de conservação.
 Caramanchão 2008

      
      O retrato desse descaso com a nossa “Ilha dos Amores” é bastante evidente no Caramanchão da Praia dos Tamoios. A sua estrutura de madeira está desmoronando, não existem mais os bouganvilles e as pilastras e os vasos estão quebrados.
 Caramanchão 2009
       
Pobre ilha, pérola do Rio de Janeiro, esquecida pelo poder público e mal administrada. Será que algum dia serás tratada com respeito? Patrimônio histórico, cultural e artístico que vai se perdendo por falta de interesse daqueles que deveriam lutar pela sua preservação.  

 



  Caramanchão 2010

                


                                                      

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Apesar da chuva, feliz 2010!



      Último dia de 2009 e a chuva que cai já fez dezenas de vítimas. Perderam-se vidas, sonhos, lembranças. A esperança de um novo ano melhor e mais feliz se desfaz diante da força da natureza. Nos despediremos desse ano com tristeza pelas perdas e por tudo que poderia ter sido feito para evitar a tragédia e não se fez. Tanta verba gasta com publicidade, com medidas de efeito pirotécnico e não se fez o mais simples, preparar o Rio de Janeiro para resistir às chuvas de verão.

      O prefeito e o governador lamentarão, aparecerão nos jornais e na televisão, demonstrarão consternação pelas mortes e pelos desabrigados. Mas não sentirão o peso da culpa pelo descaso com a cidade, pelo mau uso do dinheiro público em proveito pessoal e político. Depois, deixarão cair suas máscaras e festejarão, junto aos seus familiares e amigos, bebendo e comendo com requinte suas ceias manchadas pelo pouco caso com o povo do Rio de Janeiro.

      Desejo que 2010 nos traga clareza e sabedoria para elegermos políticos comprometidos com a população, responsáveis e competentes para que o nosso estado não volte a se cobrir de luto por uma tragédia anunciada.

      Feliz ano novo!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Eduardo Paez e a taxa de luz

      O nosso prefeito "mauricinho" disse que vai sancionar a lei que institui a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Em seu discurso de campanha, ele afirmou que não criaria nenhuma taxa, apenas aumentaria a base tributária. 
E nós pensando que mentiroso era só o Governador Sérgio Cabral!
      O Ministério Público do Rio de Janeiro já questionou a constitucionalidade de mais esse assalto ao bolso do consumidor, mas o Prefeito insiste. Há controvérsias sobre a legalidade da taxa. Se, por um lado, é necessário um ‘fato gerador’ para existir um novo tributo e para este é já existe o ICMS, por outro, há uma emenda constitucional que permite ao poder público instituir contribuição para custear serviços de iluminação.
      Será que vamos engolir mais essa?
        Lembremos sempre dos vereadores responsáveis pela aprovação dessa tunga que é a nova taxa de iluminação aprovada pela Câmara Municipal



  • Aloisio Freitas (DEM)
afreitas@camara.rj.gov.br



  • Aspásia Camargo (PV)
aspásia.camargo@camara.rj.gov.br



  • Chiquinho Brazão (PMDB)
chiquinho.brazao@camara.rj.gov.br



  • Claudinho da Academia (PSDC)
claudinho@camara.rj.gov.br



  • Dr. Carlos Eduardo (PSB)
dr.carloseduardo@camara.rj.gov.br



  • Dr. Gilberto (PTdoB)
dr.gilberto@camara.rj.gov.br



  • Dr. Jairinho (PSC)
doutorjairinho@camara.rj.gov.br



  • Ivanir de Mello (PP)
ivanirdemello@camara.rj.gov.br



  • Prof.Uóston (PMDB)
3814-2031/3814-2034



  • Adilson Pires (PT)
adilsonpires@camara.rj.gov.br



  • Márcio Pacheco (PSC)
marcio.pacheco@camara.rj.gov.br



  • Marcelo Piui (PHS)
marcelopiui@camara.rj.gov.br



  • Luiz Carlos Ramos
lcramos@camara.rj.gov.br



  • Jorge Pereira (PTdo B)
jpereira@camara.rj.gov.br



  • Jorge Felippe (PMDB)
jorge.felippe@camara.rj.gov.br



  • Jorge Braz (PTdoB)
jorgebraz@camara.rj.gov.br



  • Bencardino (PRTB)
bencardino@camara.rj.gov.br



  • Cristiano Girão (PMN)
cristianogirao@camara.rj.gov.br



  • Fernando Moraes (PR)
fernandomoraes@camara.rj.gov.br



Jorge Manaia (PDT)

jorge.manaia@camara.rj.gov.br



  • Elton Babu (PT)
elton.babu@camara.rj.gov.br



  • Fausto Alves (PTB)
faustoalves@camara.rj.gov.br



  • João Mendes de Jesus (PRB)
joaomendesdejesus@camara.rj.gov.br



  • Jorginho da SOS (DEM)
jorge.silva@camara.rj.gov.br



  • Leonel Brizola Neto (PDT)
leonelbrizolaneto@camara.rj.gov.br



  • Liliam Sá (PR)
liliamsa@camara.rj.gov.br



  • Nereide Pedregal (PDT)
nereide.pacheco@camara.rj.gov.br



  • Renato Moura (PTC)
renato.moura@camara.rj.gov.br



  • Roberto Monteiro (PCdoB)
robertomonteiro@camara.rj.gov.br



  • Rogério Bittar (PSB)
rogério.bittar@camara.rj.gov.br



  • Rosa Fernandes (DEM)
rosa.fernandes@camara.rj.gov.br



  • S. Ferraz (PMDB)
sferraz@camara.rj.gov.br



  • Tânia Bastos (PRB)
vereadorataniabastos@camara.rj.gov.br



  • Vera Lins (PP)
veralins@camara.rj.gov.br



      Vamos protestar escrevendo emails para eles e passando adiante seus nomes para que não sejam eleitos novamente.



segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Magistério e sofrimento psíquico: contribuição para uma leitura psicanalítica da escola

Cláudia Murta*


Há alguns anos trabalhando em projetos de formação continuada de professores, meu interesse e disposição em escutar as pessoas tem-me possibilitado acolher e registrar as mais diversas queixas e relatos de sofrimento de professores.
Quando encontram uma oportunidade, e sentem que podem confiar na pessoa que os escuta, eles falam de si. Costumam dizer, de saída, que são felizes com a escolha de ser professor. Misturam suas histórias pessoais com acontecimentos da vida profissional, histórias de seus filhos com as de seus alunos. Aos poucos, não raro, choram, contam de suas raivas, decepções e ressentimentos. Revelam uma outra face da sua vida de professores: falam em angústia, escuridão, doença, dor. Descrevem o magistério como um lugar de sofrimento.
Que mal-estar é esse que tem se apresentado insistentemente no âmbito da escola?
Na última década, o tema do sofrimento ou mal-estar docente tem sido objeto destacado de análise no campo da educação.
Codo (1999), estudando a saúde mental e o trabalho do professor, referiu-se a uma síndrome de desistência do educador, que pode levar à falência da educação: o 'burnout'. 
O burnout é uma espécie de resposta ao stress laboral crônico. Ele é expressão do sofrimento psíquico e da deterioração afetiva da pessoa, que prejudica sua relação com o trabalho, com as instituições ou organizações, com as outras pessoas.
Segundo Codo e Vasques-Menezes (1999), o burnout "é uma síndrome através da qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. Esta síndrome afeta, principalmente, profissionais da área de serviços quando em contato direto com seus usuários. Como clientela de risco são apontados os profissionais da educação e saúde, policiais e agentes penitenciários, entre outros. Schaufeli et al. chegam a afirmar que este é o principal problema dos profissionais de educação" (p. 238).
Diniz (1998), em seu estudo sobre o sofrimento de mulheres-professoras das séries iniciais do ensino fundamental, refere-se a um insuportável vivido por elas na educação. A subjetividade da mulher nessa profissão foi estudada por essa autora a partir das queixas de professoras, queixas que revelam sua vivência de um profundo mal-estar.
Na escola, as professoras se queixam das condições de trabalho, dos alunos, do salário. Mas nos consultórios, para os médicos que lhes concedem licenças para tratamento de saúde, as queixas e sintomas apresentados mais frequentemente são outros: "diarréia, pressão alta, vômito, dores na nuca, na cabeça, na coluna, nas costas, dormência nas mãos, irritabilidade, choro fácil, depressão, ansiedade, insônia" (p. 203).
As professoras queixam-se de que sofrem e adoecem. Quando adoecem, afastam-se da sala de aula e, às vezes, definitivamente, da escola.
Diniz investigou o adoecimento mental de professoras em desvio de função. Em sua pesquisa ela procurou, nos laudos que concederam licença médica às professoras, as explicações clínicas que justificaram o afastamento das mesmas de sala de aula: os transtornos mentais aparecem como o segundo motivo mais frequente para a concessão de licenças médicas aos educadores da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte, revela a sua pesquisa.
Mas a escola é essencialmente, do ponto de vista sociológico, o lugar do ordenamento, da estabilidade, do controle, da transparência, da não-contradição. Por isto, nela, o mal-estar, o conflito, a desordem, o desequilíbrio são recusados. A escola resiste em reconhecê-los e acolhê-los, pois teme ser desestabilizada por eles.
Mas essa negação de qualquer mal-estar, pela escola, tem consequências: "a instituição, quando sutura o mal-estar, transforma-se [ela mesma] em fonte de mal-estar" (Diniz, 1998, p.205).
Fontoura (1992), ao procurar compreender o ser professor de História do ensino secundário em Portugal, interrogando pelos motivos que levaram alguns desses profissionais a essa profissão e a nela permanecerem, também se refere a um mal-estar dos professores. Esse mal-estar, segundo Fontoura, está relacionado à crise atual da educação frente a um mundo de rápidas e contínuas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, que leva a uma crise de identidade na profissão docente.
No meio dessa crise vivida na profissão, não sem sofrimento, o professor pergunta-se: fico ou vou-me embora? Incerteza entre dois caminhos em que mesmo a alternativa de ficar não descarta a assunção de uma certa desistência do trabalho docente.
Esteve (1999), também analisa o tema mal-estar docente, expressão assim por ele definida: "um conceito da literatura pedagógica que pretende resumir o conjunto de reações dos professores como grupo profissional desajustado devido à mudança social" (p. 97). Esteve prossegue: "A expressão mal-estar docente (malaise enseignant, teacher burnout) emprega-se para descrever os efeitos permanentes, de caráter negativo que afetam a personalidade do professor como resultado das condições psicológicas e sociais em que exerce a docência, devido à mudança social acelerada" (p. 98).
Para Esteve, esse mal-estar está articulado ao intenso processo de mudanças sociais que vêm ocorrendo em todo o mundo nos últimos anos e às dificuldades da escola em caminhar pari passu a esse processo. Os professores são parte de um quadro de profundas mudanças sociais, situação que corresponde a mudanças não menos profundas na educação e no desempenho exigido da profissão docente.
Esteve indica as principais consequências do mal-estar docente, organizadas e apresentadas a seguir em ordem crescente do ponto de vista qualitativo, e decrescente do ponto de vista quantitativo, ou seja, do número de professores afetados: "1. Sentimento de desajustamento e insatisfação perante os problemas reais da prática do ensino, em aberta contradição com a imagem ideal do professor; 2. Pedidos de transferência, como forma de fugir a situações conflituosas; 3. Desenvolvimento de esquemas de inibição, como forma de cortar a implicação pessoal com o trabalho que se realiza; 4. Desejo manifesto de abandonar a docência (realizado ou não); 5. Absenteísmo laboral, como mecanismo para cortar a tensão acumulada; 6. Esgotamento, como consequência da tensão acumulada; 7. "Stress"; 8. Ansiedade; 9. Depreciação do eu. Autoculpabilização perante a incapacidade de ter sucesso no ensino; 10. Reações neuróticas; 11. Depressões; e 12. Ansiedade, como estado permanente associado em termos de causa-efeito a diagnósticos de doença mental" (Id., p. 113).
Dejours (1994), analisa as relações existentes entre trabalho, prazer e sofrimento a partir da organização do trabalho. Para ele, existe um "paradoxo psíquico do trabalho": este é, para uns, fonte de equilíbrio; para outros, causa de fadiga e sofrimento.
Em uma abordagem econômica do funcionamento psíquico, Dejours considera que, para constituir-se como fonte de equilíbrio, a tarefa executada no trabalho deve proporcionar ao trabalhador a descarga apropriada de sua energia psíquica acumulada. O trabalho é equilibrante quando possibilita a diminuição da carga psíquica e é fatigante quando obstaculiza essa diminuição. Daí a importância, para a saúde psíquica do trabalhador, de um trabalho livremente escolhido ou livremente organizado, uma vez que as vias de descarga, nesses casos, vão estar mais adaptadas às necessidades do trabalhador.
Essa conclusão de Dejours traz à tona a questão da "livre escolha do ofício". Na impossibilidade de uma livre escolha, e se não é mais possível ao trabalhador ao menos o rearranjo da organização de seu trabalho, advém o sofrimento, ele diz. É que, não encontrando possibilidade de descarga, a energia pulsional fica acumulada, provocando sentimento de desprazer e tensão. Essa energia fixa-se no corpo, num processo de somatização da carga psíquica acumulada, podendo desencadear graves perturbações. Se não houver, no modo de organização do trabalho, oportunidades imediatas de descarga da energia pulsional, produzem-se patologias. Dependendo da estrutura mental do indivíduo, duas modalidades de patologias são possíveis: a descompensação psiconeurótica e a descompensação somática.
Como poderíamos pensar essa relação entre trabalho e sofrimento no âmbito da profissão docente, em que a organização do trabalho, numa primeira análise, não parece ser assim tão rígida e autoritária?
Deve-se observar que não há, na literatura até aqui indicada, indícios de que o mal-estar dos professores esteja ligado exclusivamente a fatores conjunturais (mais imediatos) da educação. Antes, as análises mais frequentes sugerem ser mais plausível levantar-se a hipótese de que este mal-estar seja uma manifestação de um mal-estar mais estrutural da educação que, por sua vez, nos remete ao estrutural "mal-estar na civilização", já apontado e analisado por Freud (1930).
Por que tanto adoecem os professores no exercício do magistério? Por que o inevitável, muitas vezes, é a construção de uma relação de sofrimento com o trabalho? Por que muitos desistem e a que custos emocionais outros permanecem?
Em meio a essas perguntas, uma pista a seguir: a consideração do sofrimento psíquico no magistério como um sintoma que denuncia, por sua vez, um mal-estar na educação, e o correspondente conflito vivido pelos professores na escola.
É minha hipótese que o sofrimento dos professores, as suas queixas frequentes quanto ao insuportável trabalho docente e, no limite, o seu adoecimento expressam, sintomaticamente, a situação de abandono em que se encontra a escola; sugerem uma certa desistência da educação enquanto projeto de preparação de crianças e jovens para que encontrem o seu lugar no mundo adulto. Desistindo da realização do projeto educativo, os professores, na verdade, estariam se demitindo de sua posição de educador e, em decorrência, renunciando ao ato educativo, como diz Lajonquière (1999). São as crianças, na escola, que mais sofrem os efeitos de tais posturas.
O sintoma deve ser interpretado como um substituto, disfarçado e deformado, de um desejo, de uma idéia reprimida, de algo que, inconscientemente, os professores negam em si mesmos; resultado de uma elaboração psíquica, ele é a expressão de um conflito. Enquanto tal, o sofrimento psíquico de professores deve ser tomado como expressão de um conflito por eles vivido no âmbito dessa profissão, situação que, por sua vez, denuncia um mal-estar mais profundo e abrangente.
Uma vez que o sofrimento psíquico dos professores pode ser tomado como um sintoma, ele pode ser interpretado como uma formação de compromisso (acordo de conciliação) que lhes possibilita sua permanência nessa profissão. Conviver com o sofrimento, e com tudo o que, negativamente, ele desencadeia, talvez seja a única maneira encontrada por alguns professores para lidarem com seus conflitos, seus dilemas.
No entanto, se o sofrimento pode ser tomado como um sintoma, não é o sintoma o que importa focar, mas o seu significado, ou seja, aquilo que, com ele, o sujeito está dizendo. O que é que não se comunica com palavras mas se imobiliza num sintoma? (Mannoni, 1980).
Françoise Dolto (1980) nos lembra: "o que importa não são os sintomas (...), mas o que significa, para aquele que vive, exprimindo tal ou qual comportamento, o sentido fundamental da sua dinâmica assim presentificada e as possibilidades de futuro que, para esse sujeito, o presente prepara, preserva ou compromete" (p. 12).
Daí, desde o primeiro momento, a importância da escuta. Escutar os professores. Deixá-los falar. Ainda que eles não se reconheçam no que falam; ainda que o sofrimento do qual se queixam padecer seja julgado como provocado por um outro, que não também eles próprios; ainda que eles não se vejam implicados na produção desse sofrimento.
Dolto (1980) ressalta que a escuta psicanalítica permite que as angústias e as demandas de ajuda "sejam substituídas pela questão pessoal e específica do sujeito que lhe fala [ao psicanalista]" (p. 12).
Se não cabe propor uma psicanálise coletiva dos professores na escola, cabe sim alertar para a necessidade que as pessoas têm de ser ao menos escutadas em seu trabalho. É preciso que um espaço de escuta seja criado na escola, para que os seus profissionais - pessoas responsáveis pela formação de outras pessoas - possam, ao serem ouvidos, ouvir a si mesmos. E com isso possam deixar falar um outro sujeito, o sujeito do desejo; do desejo que está "na origem da escolha profissional e na raiz do mal-estar que faz sintoma" (Almeida, 2000, p.48).
Parece que está fazendo falta indagar: qual é o lugar do desejo e do sujeito do desejo, na profissão docente? (Dejours & Abdoucheli, 1994).
Que o sofrimento faça, inevitavelmente, parte da vida - como o conflito psíquico, segundo Freud, é inerente à condição humana -, nem por isso a escola precisa ser um lugar de sua produção (ou de sua manutenção) numa intensidade que beira o insuportável, numa desmedida que produz adoecimento. Há que se apostar na possibilidade da escola como um lugar predominantemente de vida, de crescimento, de construção, não obstante suas contradições, seus paradoxos, suas ambiguidades.
No mínimo, concordando com Diniz (1998), é preciso que se construa um espaço de saúde na escola, para que os professores não continuem fugindo de si mesmos por meio do adoecimento.
Talvez o que os professores mais precisem, fundamentalmente, na escola, seja apenas de uma "presença humana que escute" (Dolto, 1980, p.13).

*Pedagoga, Mestra em Educação, Professora da Universidade da Amazônia - Unama e da Universidade do Estado do Pará - UEPA.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

De Obama para uma mulher corajosa

Yoani Sanchéz é uma blogueira cubana que, via internet, expõe as mazelas de seu país e desafia o governo Castro. Foi proibida de sair de Cuba para receber um prêmio, sequestrada e espancada. Passou a tirar fotos dos agentes que a seguem e vigiam. De caça a caçadora, esta mulher forte e decidida, se dedica a mostrar o regime autoritário e suas consequências.
Recentemente Yoani elaborou dois questionários, com sete perguntas cada, um a ser respondido por Barack Obama e outro por Raúl Castro.
O presidente cubano ignorou.
As respostas de Barack Obama aqui estão:

A CARTA DE OBAMA
Agradezco esta oportunidad que me brindas para compartir impresiones contigo y con tus lectores en Cuba y en el mundo, y aprovecho para felicitarte por el premio María Moore Cabot de la Escuela Graduada de Periodismo de la Universidad de Columbia que recibiste por promover el entendimiento mutuo en las Américas mediante tus reportajes. Me decepcionó que se te impidiera viajar para recibir el premio en persona.
Tu blog ofrece al mundo una ventana particular a las realidades de la vida cotidiana en Cuba. Es revelador que el internet les haya ofrecido a ti y a otros valientes blogueros cubanos con un medio tan libre de expresión, y aplaudo estos esfuerzos colectivos para apoderar a sus compatriotas para expresarse a través de la tecnología. El gobierno y el pueblo estadounidense nos unimos a todos ustedes en anticipación del día que todos los cubanos puedan expresarse libre y públicamente sin miedo ni represalias.

AS RESPOSTAS DE OBAMA ÀS PERGUNTAS DE YOANI
Yoani Sánchez: 1.  Durante mucho tiempo el tema de Cuba ha estado presente tanto en la política exterior de los Estados Unidos, como entre las preocupaciones domésticas, especialmente por la existencia de una gran comunidad cubano-americana. Desde su punto de vista ¿En cuál de los dos terrenos debe ubicarse este asunto?
Todos los asuntos de política exterior tienen componentes domésticos, especialmente aquéllos que conciernen países vecinos como Cuba, de donde provienen muchos emigrantes radicados en los Estados Unidos, y con la que tenemos una larga historia de vínculos. Nuestros compromisos de proteger y apoyar la libre expresión, los derechos humanos y un estado de derecho democrático tanto en nuestro país como en el mundo también rebasan las demarcaciones entre lo que es política doméstica y exterior. Además de todo esto, muchos de los retos que comparten nuestros países, como la migración, el narcotráfico y el manejo de la economía, son asuntos tanto domésticos como foráneos. En fin, las relaciones entre Cuba y los Estados Unidos han de ser vistas dentro de un contexto tanto doméstico como exterior.

2.  En el caso de que existiera, por parte de su gobierno, una voluntad de dar por terminado el diferendo, ¿Pasaría esto por reconocer la legitimidad del actual gobierno de Raúl Castro, como único interlocutor válido en unas eventuales conversaciones?
Como he dicho antes, mi administración está lista para establecer lazos con el gobierno cubano en un número de áreas de mutuo interés, como hemos hecho en las conversaciones migratorias y sobre correo directo. También me propongo facilitar mayor contacto con el pueblo cubano, especialmente entre familias que están divididas, algo que he hecho con la eliminación de restricciones a visitas  familiares y a remesas. Queremos establecer vínculos también con cubanos que están fuera del ámbito gubernamental, como lo hacemos en todo el mundo. Está claro que la palabra del gobierno no es la única que cuenta en Cuba. Aprovechamos toda oportunidad para interactuar con todos los renglones de la sociedad cubana, y miramos hacia un futuro en que el gobierno refleje expresamente las voluntades del pueblo cubano.

3.   ¿Ha renunciado el gobierno de Estados Unidos al uso de la fuerza militar como forma de dar por terminado el diferendo?
Estados Unidos no tiene intención alguna de utilizar fuerza militar en Cuba.  Lo que Estados Unidos apoya en Cuba es un mayor respeto a los derechos humanos y a las libertades políticas y económicas, y se une a las esperanzas de que el gobierno responda a las aspiraciones de su gente de disfrutar de la democracia y de poder determinar el futuro de Cuba libremente. Sólo los cubanos son capaces de promover un cambio positivo en Cuba, y esperamos que pronto puedan ejercer estas facultades de manera plena.

4.  Raúl Castro ha dicho públicamente estar dispuesto a dialogar sobre todos los temas, con el único requisito del respeto mutuo y la igualdad de condiciones. ¿Le parecen a usted desmedidas estas exigencias? ¿Cuáles serían las condiciones previas que impondría su gobierno para iniciar un diálogo?
Llevo tiempo diciendo que es hora de aplicar una diplomacia directa y sin condiciones, sea con amigos o enemigos. Sin embargo, hablar por aquello de hablar no es lo que me interesa. En el caso de Cuba, el uso de la diplomacia debería resultar en mayores oportunidades para promover nuestros intereses y las libertades del pueblo cubano.
Ya hemos iniciado un diálogo, partiendo de estos intereses comunes –emigración que sea segura, ordenada y legal, y la restauración del servicio directo de correos. Estos son pasos pequeños, pero parte importante de un proceso para encaminar las relaciones entre los Estados Unidos y Cuba en una nueva y más positiva dirección. No obstante estos pasos, para alcanzar una relación más normal, va a hacer falta que el gobierno cubano tome un curso de acción.

5. ¿Qué participación podrían tener los cubanos del exilio, los grupos de oposición interna y la emergente sociedad civil cubana en ese hipotético diálogo?
Al considerar cualquier decisión sobre política pública, es imprescindible escuchar tantas voces diversas como sea posible. Eso es precisamente lo que hemos venido haciendo con relación a Cuba. El gobierno de los Estados Unidos habla regularmente con grupos e individuos dentro y fuera de Cuba, que siguen con interés el curso de nuestras relaciones. Muchos no están de acuerdo con el gobierno cubano, muchos no están de acuerdo con el gobierno estadounidense, y muchos otros no están de acuerdo entre sí. Lo que debemos estar todos de acuerdo es que tenemos que escuchar a las inquietudes e intereses de los cubanos que viven en la isla. Por eso es que todo lo que están haciendo ustedes para proyectar sus voces es tan importante – no sólo para promover la libertad de expresión, pero también para que la gente fuera de Cuba pueda entender mejor la vida, las vicisitudes y las aspiraciones de los cubanos que están en la isla.

6.  Usted es un hombre que apuesta por el desarrollo de nuevas tecnologías de comunicación e información. Sin embargo los cubanos seguimos con muchas limitaciones para acceder a Internet. ¿Cuánta responsabilidad tiene en eso el bloqueo norteamericano hacia Cuba y cuánta el gobierno cubano?
Mi administración ha tomado pasos importantes para promover la corriente libre de información proveniente de y dirigida al pueblo cubano, particularmente mediante nuevas tecnologías. Hemos posibilitado expandir los lazos de las telecomunicaciones para acelerar el intercambio entre la gente de Cuba y la del mundo exterior. Todo eso recrecerá los medios a través de los cuales los cubanos en la isla podrán comunicarse entre sí y con personas fuera de Cuba, valiéndose, por ejemplo, de mayores oportunidades en transmisiones de satélite y de fibra óptica. Esto no ocurrirá de un día a otro, ni tampoco podrá tener plenos resultados sin actos positivos del gobierno cubano. Tengo entendido que el gobierno cubano ha anunciado planes para ofrecer mayor acceso al internet en las oficinas de correo. Sigo estos acontecimientos con interés y urjo al gobierno a permitir acceso a la información y al internet sin restricciones. Quisiéramos escuchar qué recomendaciones tienen para apoyar el flujo libre de información desde y hacia Cuba.

7.   ¿Estaría dispuesto a visitar nuestro país?

Nunca descartaría un curso de acción que avance los intereses de los Estados Unidos o promueva las libertades del pueblo cubano. A la misma vez, las herramientas diplomáticas han de usarse sólo luego de preparaciones minuciosas y como parte de una estrategia clara. Anticipo el día que pueda visitar una Cuba donde toda su gente pueda gozar de los mismos derechos y oportunidades que goza el resto de la gente del continente.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os sete motivos para você se tornar um professor do estado

Anônimo

7 (sete) é um número de destaque, pois ele simboliza a perfeição: em sete dias Deus fez o mundo, sete são as cores do arco-íris, mas também sete é conta de mentiroso. O 7 aqui será utilizado em relação à educação e, mais especificamente, ao professor.

Lembre-se: ser professor é socializar o saber e construir, juntamente com o discente, um conhecimento que valorize o meio em que atua.


Por isso, destacar-se-ão 7 motivos para incentivar você, leitor, a ingressar nessa brilhante carreira.


Leia-os com atenção e anote todos os detalhes:


1. Estude muito e leia bastante, principalmente a vida de São Francisco de Assis; lembre-se de que você também terá que fazer um voto eterno de pobreza.


2. Prepare-se para manejar certos instrumentos, com o giz e o apagador. Para tal, orientamos o personal stylest de Michael Jackson; você precisará de luva e máscara durante as aulas.


3. Manter-se em forma não será problema para você; com o corre-corre de uma escola para outra, você estará evitando o sedentarismo; com o salário que receberá, não precisará fazer regime; e caso precise complementar a cesta básica do mês, você ainda terá o privilégio de usar o TÍCKET DE 4 REAIS.


4. O educador é o único que pode acumular cargos: além de ministrar aulas em 3 ou 4 colégios diferentes, ainda sobra tempo para ser sacoleiro, levando para as escolas os últimos lançamentos do Paraguai ou sendo importante representante de empresas como a AVON, a HERMES e a SHOPPING MAIS.


5. A formação continuada do professor é algo bastante importante e valorizada pelo governo. Com sorte, você será selecionado para ficar em um grande e luxuoso hotel, desfrutar de ótimas instalações e saborear um cardápio variado; tudo isso com uma localização privilegiada e com vista para o li...xo.


6. O local de trabalho deve ser evidenciado: o educador, quase sempre, trabalha em escolas-modelo, cujo slogan é a fartura: 'farta' limpeza, 'farta' funcionário, 'farta' material didático, enfim, 'farta' tudo.


7. Por fim, você desfrutará de um plano de saúde de ótima qualidade, cuja eficiência é demonstrada nos consultórios psiquiátricos repletos de professores que, ao completarem a idade e o tempo de serviço, já se encontram fatigados pelo trabalho, sugados pelo sistema e em pleno desmoronamento físico além do mental.


Assim, depois de ler essas sete dicas, não perca a oportunidade e não desista: vá a um posto do estado e inscreva-se para trabalhar no ESTADO. O estado quer lhe receber de braços abertos. O nosso lema é: 'PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR'. Aos que já se encontram desfrutando desse 'néctar' que é ser funcionário da SEC , nossos parabéns, você é persistente e capaz.


Possivelmente, não terá recompensa aqui na terra, mas é certo que já tenha adquirido lugar privilegiado no céu.